Porque as mulheres possuem maiores dificuldades com relações casuais?
O sexo é uma das coisas mais perigosas que existem, principalmente para uma mulher, elas podem engravidar, pegar doenças e sem falar no estigma associado a tudo isso. Me choca o quanto que estamos tratando as relações sexuais e principalmente o que ensinamos as mais jovens. Mas afinal de contas, o sexo é assim tão custoso e perigoso? Sim e o preço a se pagar por ensinarmos o contrário é muito alto.
PSICOLOGIAGÊNERORELACIONAMENTOS
Por um bom tempo eu sempre achei que fosse dolorosamente óbvio as diferenças biológicas entre os sexos, mas para a minha surpresa não era o caso, principalmente quando as coisas ficavam mais controversas socialmente, muitos podem pensar que eu estou batendo demais nesta tecla, mas não estou, é necessário que fiquemos completamente cientes dessas diferenças para não sofrermos mais do que precisamos. Precisamos de todas as informações concretas que dizem respeito ao tema que será discutido por se tratar de algo de tamanha importância para todos as pessoas, acredito que, para começar, se faz necessário explicar algumas ideias da principal abordagem que irei utilizar para falarmos de algo tão difícil, a psicologia evolucionista.
Perceba que eu usei o termo "dolorosamente óbvio" acima, acredito ser uma expressão perfeita para explicar o meu ponto de vista, pois não é como se todas as coisas ficassem mais simples percebendo "características inatas" entre os sexos, pois isso complica em infinitas formas como olhamos para as nossas ciências sociais (uma vez que não somos apenas construídos pela nossa sociedade) e, além disso, não existem exatamente características inatas como se imaginam. Uma forma simples de pensarmos isso é a seguinte, a maior diferença entre os sexos está nos níveis de agressividade, sendo os homens ligeiramente mais agressivos que as mulheres (proporção de 60-40), você acertadamente deve estar pensando o quão insignificante é essa diferença, se olharmos mais de perto porém, percebemos que as coisas ficam um pouco mais complicadas. Se você estiver procurando os indivíduos mais agressivos da sociedade, a suma maioria será composta por homens uma vez que as atividades extremas que geram resultados extremos acontecem no extremo e não na média (eu sei, são muitos extremos), por isso homens e mulheres em média são mais parecidos do que diferentes, mas nos casos que ocorrem no fim da distribuição...
Acabamos ignorando o fato de que os homens e as mulheres fundamentalmente trabalharam em cooperação para conseguir que os seus filhos e os próprios sobrevivessem, um cuidando da próxima geração e o outro defendendo a atual, a vida era constantemente ameaçada por terríveis predadores, desastres naturais, a criação de filhos e toda a morte associada a isso e, sinceramente, é fácil esquecermos isso vivendo em nosso mundo seguro, creio que o ponto que quero fazer é que é impossível conceber, em um mundo com essas pressões distintas, estratégias de seleção sexual e de sobrevivência parecidas para os dois sexos, a estratégia sexual masculina sempre foi relacionado com a conquista e a demonstração de comportamento competente para com a parceira pretendida, uma vez que a própria necessitava de um parceiro competente o suficiente para lidar com os problemas que aparecessem quando ela e seu filho se encontrassem em perigo, consequentemente os homens que possuíam as qualidades necessárias foram selecionados pelas mulheres para procriar a espécie, esta foi a noção genérica que regulou o comportamento de escolha de parceiros por um bom tempo, a psicologia evolucionista estuda como esses fatores ambientais ajudaram a selecionar comportamentos em específico que ressonam conosco até hoje e que moldam nossa vida.
E eles estão certos em olhar para nós com essas lentes, não faz sentido observarmos como nos comportamos utilizando noções que não levem em conta os fatores evolutivos que moldaram a espécie humana, para melhor entendimento eu peço que pensem em algum de nossos órgãos, seria absurdo tentar entender o porquê e como dele funcionar da forma que funciona sem observar todo o percurso evolutivo que trouxe ele a existir, a mesma ideia é aplicada para a nossa mente.
Um ponto importante de se compreender é que a regra número um da natureza, se sua espécie quiser sobreviver, é NÃO MATE SEUS BEBÊS, e para isso possuímos dois hormônios que nos ajudam justamente com isso, a oxitocina (para as mulheres) e a vasopressina (para os homens), eles são essencialmente hormônios de comportamentos pró-sociais e servem para garantir que estejamos mais dispostos a engajar em comportamentos positivos para a nossa espécie. (Sabe, aquele tipo que você não afoga o seu bebê na banheira)
Porém, existe uma outra função para estes hormônios, eles estão relacionados ao comportamento de ligação emocional entre parceiros sexuais, estudos mostram que "homens e mulheres recebem grandes fluxos neuroquímicos durante o sexo e o orgasmo, nos quais se criam ligações biológicas com a outra pessoa, além de fortalecer as sinapses cerebrais para que exista uma vontade de fazer sexo com a mesma pessoa", é provável que existam algumas pessoas que acreditem que essas relações estão confinadas apenas aquelas que são caracterizadas pelos participantes do ato como um "relacionamento duradouro", uma vez que os fatores biológicos são diretamente afetados pelas relações sociais e pelo ambiente, mas não é o caso da ocitocina, ela é 'valor-neutro', o que significa que é liberada mesmo que a mulher esteja participando de sexo casual ou esteja em um relacionamento de longa duração, um ponto importante de salientar é que as mulheres possuem naturalmente uma maior taxa de ocitocina no corpo do que os homens, o que impacta diretamente em suas relações individuais e em sua capacidade de tratar casualmente algo como o sexo.
O homem possui uma construção um pouco diferente, a vasopressina é regulada pela testosterona e se relaciona diretamente com o centro de recompensa do homem, assim como o da mulher com a ocitocina, mas assim como tudo precisamos entender que o diabo está nos detalhes, a testosterona pavimenta um caminho para a agressividade e competitividade, a competição é algo que esta construído dentro do homem é o que eu quero dizer, eu argumentaria que o ato de conquistar uma mulher em uma competição masculina (principalmente se houver amigos ao redor) é muito importante para as relações daquele grupo e não acho que muitos argumentariam o contrário.
Esses dois exemplos foram escolhidos para entendermos que o comportamento visto em nossa sociedade também possui suas características biológicas e não podemos ignora-las, mas uma pergunta que pode surgir é: esse é um problema essencialmente feminino? A resposta é um alto e sonoro NÃO, as mulheres podem possuir maior dificuldade em relações casuais, mas isso não significa que os homens são imunes, pesquisas mostraram que quanto mais parceiros sexuais um indivíduo possuir durante sua vida, independente do sexo, menor será a produção de ocitocina e isso atrapalhará a capacidade de pair-bonding (conexão entre casal) e isso é um grave problema para o nosso futuro, principalmente se você já possuir uma menor quantidade do hormônio, o motivo deu estar concentrado nas relações femininas é apenas para salientar o maior risco emocional para as mulheres que escutam diariamente que algo como "emponderamento" seria adotar os traços mais sujos e perversos associados ao comportamento masculino.
Uma coisa que sempre foi clara para mim é o motivo das mulheres amadurecerem mais rápido, elas possuem um fator biológico que às obrigam a lidar com a responsabilidade mais cedo, elas não possuem a opção de continuarem sendo infantis, as possíveis consequências não permitem, os homens não possuem mais o contrabalanço social para crescerem e para cuidar de algo além dele próprio, eles vivem em um mundo sem utilidade para eles, sem espaço, sem motivo, sem ambição e hostil em relação aos atributos masculinos que os caracterizariam como grandes (esses necessários até biologicamente falando), restando para o mesmo concentrar sua libido em atividades fúteis e hedonistas, é indescritível a dificuldade que temos a nossa frente. As mulheres não precisam mais de um provedor, elas possuem total controle das suas capacidades reprodutivas e se sentem cada vez mais liberadas para comportamentos promíscuos que antes não era uma opção, afinal de contas, sexo é apenas outra coisa com a qual podemos brincar sem valor intrínseco, certo? Não creio que isso seja um futuro que nos levará a uma melhor qualidade de vida, mas sim para um vazio existencial cada vez maior e uma relações entre os sexos cada vez mais complicadas.
Pode parecer que eu esteja defendendo que as mulheres devam perder o controle recém adquirido de seu corpo, então deixe-me estender meu argumento. As condições das relações entre os sexos eram completamente justas? Claro que não, mas no final das contas, quem possuiu justiça no passado? O meu problema é justamente com essa visão infantil da história que entende a história como bonzinhos e malvadinhos que criaram e lutaram contra as opressões, essa noção ajudou a pavimentar o caminho necessário para criarmos a ideia absurda de que o sexo é algo simples e possui impeditivos arbitrários que existem para permear uma sociedade retrógrada. O consenso é que vivemos em um mundo essencialmente patriarcal, onde a mulher foi criada para ser sempre subjugada, para não possuir as mesmas oportunidades que os homens, o próprio fato que as mulheres possuem um estigma maior em relação a promiscuidade é uma prova cabal desse comportamento patológico, certo? Errado, é um absurdo creditar a misoginia pura a criação de um maior receio acerca do comportamento sexual feminino e uma maior pressão social acerca do mesmo, o ato de gerar um filho sempre foi uma preocupação e uma dificuldade, não é arbitrário que as regras para o comportamento social em relação a algo tão complexo fosse sujeita a uma atenção diferente, digo que acertamos completamente em nossas respostas? Longe disso, mas não é possível dizer que as regras sociais criadas acerca do comportamento sexual feminino foi criado por uma estrutura que existe somente para subjugar as mulheres, é mais complexo que isso, Richard A. Lippa demonstrou "que, mesmo que padrões consistentes de diferenças sexuais, igualdade de gênero e o desenvolvimento econômico tendem a prever a diferença sociossexuais mais permissivas", quanto mais rica uma sociedade, menos cuidadosa ela é em relação ao sexo e isso não é por acaso, pois as mesmas possuem mais ferramentas para lidarem com as consequências dos atos sexuais, tanto economicamente quanto culturalmente.
Algumas pessoas gostam do jargão "As mulheres decidem com quem irão fazer sexo, os homens decidem com quem irão se casar", e acaba que este jargão está correto, pois mesmo após tantas barreiras ultrapassadas para lidarmos e diminuirmos com as diferenças entre os sexos, ainda é o caso que 98% dos pedidos de casamento são feitos pelos homens, muitos dirão que esse é um estigma tradicional que ainda perdura e por isso as mulheres não o fazem, o que seria verdade se houvesse alguma variação nos números de pedidos durante todos esses anos de emancipações femininas, talvez seja prudente atribuir a responsabilidade para as próprias escolhas femininas e as tratarem como seres que possuem voz ativa na sociedade.
Já é conhecido que "homens (...) validam primariamente atração física" e preferem uma mulher que possua características que não possam ser rotuladas como "fáceis", enquanto as mulheres preferem homens de um status social maior e com uma idade superior a dela, genericamente falando, homens e mulheres possuem total direito de delimitar preferências acerca do parceiro que irão escolher, mas precisamos olhar com cuidado para as decisões que fazemos para evitar resultados desastrosos. Estudos demonstram que o "perfil da pessoa mais triste da América, é de uma mulher de 40 anos sem filhos", eu sei que muitas pessoas não gostam da ideia que a mulher tem que viver para a família, mas não devemos todos? A vida se torna muito solitária depois dos 40 anos, os homens não te olham do mesmo jeito, muitas de suas amigas estarão indisponíveis, é mais difícil fazer novas amizades quando adulto e não terá nenhum atributo de sua carreira que irá ficar ao seu lado quando estiver sozinha.
Podemos viver o que queremos, mas não podemos delimitar também as consequência que queremos... Tudo que eu quero dizer é que precisamos ter cuidado sobre nossos relacionamentos e tratar com um maior valor, pois (mesmo que digam o contrário) o sexo é bastante perigoso, podemos perder a nossa capacidade de nos relacionarmos, podemos ficar sozinhos, podemos nos sentir como lixo por nos conectarmos com alguém que não quer o mesmo que nós, podemos ter uma vida miserável... Não acreditem que tudo que possui na vida é apenas sexo e uma carreira, pois no final das contas essa talvez sejam as coisas mais vazias da vida.
Artigos citados:
"Sex-Related Differences in Plasma Oxytocin Levels in Humans" Publicado em 26 de março de 2019
"Naturally Occurring Differences in Maternal Care are Associated with the Expression of Oxytocin and Vasopressin (V1a) Receptors: Gender Differences" Publicado em 07 de maio de 2002
"The Morning After: Emerging Adults' Perspective on the Impact of Hookup Culture" Publicado em 2015
"Sexual Hookup Culture: A Review" Publicado em 01 de junho de 2012
"Counterintuitive Trends in the Link Between Premarital Sex and Marital Stability" Publicado em 06 de junho de 2016
"Testosterone, cortisol, and human competition" Publicado em junho de 2016
"Meet the least happy people in America" Publicado em 17 de Setembro de 2011
"Gender differences in aggression" Publicado em 08 de abril de 2017
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